sexta-feira, 27 de abril de 2012

"Não há empregos, nem países para a vida"

Há países sedentos de talento e em que não faltam oportunidades para os trabalhadores portugueses. Numa altura de crescimento do desemprego em Portugal, a opção pode muito bem ser fazer as malas e ir para outras paragens. Octávio Oliveira, presidente do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), revela, em entrevista ao Económico TV, quais as áreas mais procuradas e os países onde ainda há oportunidades.

 
Os trabalhadores portugueses são bem vistos no mercado internacional ?

Há a noção de que há factores que facilitam esta integração de portugueses nestes mercados, até porque um dos factores importantes é já terem referências ou de pessoas conhecidas ou de familiares nestes países. Somos, por norma, pessoas com facilidade na aprendizagem de línguas, apresentamos um nível muito interessante de inglês, em especial os nossos diplomados, a nossa capacidade do desenrascanço pode ser vista numa outra lógica como sendo um povo com características de grande adaptabilidade, de grande flexibilidade, que hoje são requisitos importantes para esta integração em espaços com outras culturas. Portanto, é um conjunto vasto de oportunidades que, de certa maneira, estão em consonância com as nossas características e que deve ser encarado com naturalidade e não com aquela perspectiva de partir para sempre, quer dizer, hoje, tal qual como não há uma oportunidade para toda a vida também não há um país para toda a vida.

O primeiro-ministro referiu que os docentes devem emigrar. Haverá países disponíveis para os receber?O nosso sistema universitário tem gerado, nos últimos anos, um número apreciável de diplomados com saídas para a profissão docente. Hoje temos um contexto demográfico em que o número de jovens nas nossas escolas é cada vez menor. É evidente que uma fatia significativa de inscritos nos ficheiros dos centros de emprego tiveram uma actividade ligada à docência. Hoje há um conjunto de países como Angola e Moçambique que podem apresentar oportunidades para essas pessoas. São oportunidades que cá estão esgotadas e que podem ser aproveitadas. Fundamentalmente, a atitude deve ser de inovação de todos nós. Por parte dos serviços públicos de emprego em encontrar novas soluções que facilitem o ingresso no mercado de emprego. Também da parte das pessoas que estão desempregadas haver uma perspectiva inovadora do confronto dos seus requisitos, um diagnóstico de pontos fortes e fracos e o estabelecimento de uma estratégia de inovação na qual o serviço de emprego pode e deve ajudar.

Houve um aumento de 27% do desemprego entre os diplomados. Países como Angola e Brasil devem ser uma hipótese?
Penso que são países a considerar. Mas também é necessária uma atitude activa e não uma atitude passiva à espera que a solução apareça. Tem que ser o próprio a ter uma atitude activa e a encontrar a solução, não é só inscrever-se no centro de emprego, isso é pouco...
Acha que Angola, Moçambique e Brasil são hipóteses a considerar?
Admito que o mercado angolano em matérias de educação possa ter hipóteses.


Fonte: Diário Económico, Madalena Queirós, 09/02/12
http://economico.sapo.pt/noticias

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